segunda-feira, 9 de junho de 2014

O teatro pode transformar a realidade

De http://vidasimples.abril.com.br/temas/teatro-pode-transformar-realidade-612841.shtml?utm_source=redesabril_vidasimples&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_vidasimples_site
Por  Maria Fernanda Vomero
Os jovens de um campo de refugiados da Cisjordânia podem experimentar a liberdade nas aulas de teatro
Foto: Reprodução
O Freedom Theatre (Teatro da Liberdade, na tradução literal) está situado no campo de refugiados de Jenin, cidade ao norte da Cisjordânia. O embrião do atual Freedom Theatre começou em 1987 com o belo projeto da judia Arna Mer-Khamis. Arna, nascida antes da criação do Estado de Israel, militava no Palmach, grupo de combate criado em 1941 e braço de elite do exército judeu na época do Mandato Britânico da Palestina. Depois da guerra de 1948, casou-se com o árabe Saliba Khamis, um dos líderes do Partido Comunista de Israel. Defensora dos direitos humanos, ela estabeleceu no campo de refugiados de Jenin um centro de atividades teatrais para as crianças. Ali, elas descobriam seus talentos, um novo jeito de encarar a vida - a despeito de todas as privações socioeconômicas e das constantes e agressivas incursões do exército israelense - , sentiam-se cuidadas e desenvolviam a autoestima.
O grande mérito do Freedom Theatre talvez seja ensinar as crianças e os jovens a sonhar e a expressar-se com liberdade, de um modo que não seja nem violento nem vingativo. E ainda permitir que possam acreditar num mundo diferente para além das fronteiras do campo de refugiados e dos conflitos. Aos poucos, seus modelos não são mais os "mártires" mortos em confronto com o exército israelense ou em atentados suicidas, mas sim atores, cineastas, fotógrafos, professores e amigos, outras lideranças. O grupo teatral fez diversas apresentações na Europa e nos Estados Unidos.

Tantas outras crianças começaram a participar das atividades da instituição. E, agora, uma nova sede - maior que a primeira - está sendo construída, na própria cidade de Jenin. Saiba mais pelo site www.thefreedomtheatre.org.

terça-feira, 4 de março de 2014

CARTA ABERTA SOBRE OS EDITAIS DE OCUPAÇÃO DA FUNARTE




O descaso do Governo Federal com a Cultura não é novidade e vem de longe. Prova disso são os orçamentos irrisórios do Minc, a falta de planejamento e capacitação, a definição de prioridades equivocadas e, sobretudo, uma visão de cultura que desconhece ou minimiza a dimensão potencialmente emancipadora da arte e da cultura.
Neste momento, cabe denunciar a política desastrosa de ocupação dos espaços públicos geridos pelo Minc. Este Ministério, sem qualquer interlocução consequente com a sociedade, com os artistas e suas organizações de representação, nos impõe de cima para baixo editais de ocupações de espaços cênicos em diversas cidades brasileiras. Em poucas palavras: modelo de ocupação, critérios de seleção, formas de gestão e avaliação, dotação orçamentária, nada é debatido com o conjunto dos interessados. Não bastasse isso, exigências burocráticas bizantinas, como a imensa quantidade de cartas de anuência, atestam o desconhecimento da dinâmica cultural.
Qual a razão da introdução dessas normas que não constavam de outros editais da Funarte?
No edital de ocupação lançado no final de 2013, TODOS os projetos inscritos para a sala Carlos Miranda e para o Teatro de Arena Eugênio Kusnet foram inabilitados. A argumentação técnica, para a quase totalidade desses projetos, menciona a ausência de cartas de anuência de envolvidos nas atividades. Com a desqualificação de TODOS os projetos, e por conseguinte dos coletivos envolvidos, sem justificativa plausível, a Funarte expõe em público o seu descompromisso com um movimento artístico e cultural que atravessa décadas de formação, história e luta social. Mas como o que é ruim sempre pode piorar, as coisas não param aí. Ao invés de reconhecer questionamentos legítimos das categorias teatral e de dança, a Funarte relançou o edital mantendo as mesmas exigências e, num lance autoritário, sugeriu aos novos proponentes “a leitura atenta do edital”, entre outras recomendações que, na hipótese remota de terem alguma utilidade, fariam mais sentido para os burocratas da Funarte.
Duas grandes e importantes ocupações da sede da Funarte em São Paulo, em 2009 e 2011, mostraram que artistas e ativistas culturais, de horizontes e preocupações diversas, estavam fartos das arbitrariedades do governo em relação à gestão pública da cultura no Brasil. Hoje, a indignação aumenta com as constantes investidas do governo em prol da burocratização e da privatização e sucateamento da cultura e de seus espaços.
Ou a Funarte se emenda, reconhecendo e corrigindo seus equívocos ou vai ser lembrada de que a crítica é um dos motores da arte e da cultura, e que estas saberão defender-se contra a burocracia esterilizante e a política neoliberal. Iremos nos mobilizar sem trégua contra o autoritarismo e a burocratização que esvaziam a entidade e atentam contra a cultura e a arte, desvinculando-as de sua construção histórica e social.

RECUSA
Rede Cultural de Solidariedade Autônoma

São Paulo, fevereiro de 2014

Mostra Baú da Arethuzza - Os Fofos Encenam no Sesc Santos

Baú da Arethuzza
dez anos de circo-teatro na companhia Os Fofos encenam.

::De 01 a 30 de março no Sesc Santos

Além da exposição o projeto Baú de Arethuzza apresenta: espetáculos, oficina e debate. Acompanhe a programação: http://migre.me/i5TiU
— em Sesc Santos.

Programação Cidade Entretantos - Sesc Santos

Veja aqui a Programação

sábado, 24 de agosto de 2013

Crítica sobre "Luis Antônio Gabriela"

Por Matheus José Maria

Sobre Luis Antonio Gabriela.

Ontem tive uma experiência no mínimo inusitada.
Conheci a Gabriela, que na verdade nasceu Luis Antonio. Sendo mais sincero ainda, Gabriela está morta há 7 anos mais ou menos e ainda assim, a conheci ontem.
A conheci desde o momento em que nasceu e se tornou parte de uma família imperfeita - como tantas que tem por ai - e começou a sentir as agruras do preconceito quando começou a se descobrir gay.
Acompanhei sua trajetória, desde quando era Luis Antonio, um menino com trejeitos femininos até o momento em que resolveu se transformar em mulher.
Um cartaz que ele(a) carregou em alguns momentos dizia: "Nasci em um corpo errado" e isso me fez pensar em quantas pessoas não se sentem assim, não só pela sua sexualidade que não condiz com sua condição física, mas com aqueles que acham que o seu nariz é muito grande, suas orelhas são de abano e tantas outras imperfeições que nos aprisionam durante toda a vida em uma cela de mágoa e auto-punição psicológica.
Mas voltando a Gabriela, foi estranho saber que ela viveu aqui em Santos, cidade onde resido atualmente e mais, viveu em uma área que a população insiste em ignorar. O centro de Santos, zona portuária e outras zonas periféricas onde sua economia é alimentada pela venda de um pouco de amor a quem puder pagar, onde a carne tem um preço diferente e é exposta não em espetos e refrigeradores, mas na porta dos pequenos hotéis, pensões, pousadas, cortiços...
Tão perto de mim e eu nunca ouvi sua história antes.
Mesmo morta a tanto tempo, Gabriela faz-se ouvir por todos que estavam ali presentes, prova disso foram duas amigas que me acompanhavam. Árabes, uma fala e entende português, a outra nada e ainda assim me disseram respectivamente: "Foi a peça mais incrível que eu já vi. No Brasil todas são assim?" e a outra (traduzido do inglês): " Eu não entendi praticamente nada do que foi dito, mas foi a melhor peça de teatro que eu já vi na minha vida".
Engraçado pensar que a voz de Gabriela que soava como um portunhol caricato conseguiu ultrapassar barreiras culturais e linguísticas. Na verdade é porque Gabriela (já não era mais Luis Antonio há muito tempo) falou ao coração da plateia que lotava o teatro para ouvir, ou melhor, viver sua história junto dela.
Confesso que doeu ver o fim dela, não só por estar ali acompanhando as consequências de uma vida desregrada, mas que ainda assim foi vivida intensamente, mas por ver um ser humano, transformado em uma massa disforme de silicone industrial que havia escorrido pelo seu corpo e agora a desfigurava. Por ver a morte cobrando seu preço e a condenando a usar fraldas em decorrência de uma hepatite c e de uma encefalopatia que tiraram o controle sobre as contingências do seu corpo, mas não tiraram seu orgulho de ser quem era.
Punição? Eu não acredito em Deus, mas ainda assim ela acreditava e em um momento o questiona a respeito do que havia feito para merecer isso. Eu digo que nada, mas Ele não diz nada.
Ao fim de sua vida uma frase aparece em um letreiro e uma parte dela diz "Desculpe por não ter sabido lidar com isso" e assim, há 300 espetáculos nos deparamos com a tristeza, culpa e dor do "bolinho' que nasceu Nelson de Baskerville, irmão de Gabriela que nasceu Luis Antonio.
Não sei dizer se existe qualquer tipo de possibilidade de existência que não a nesse mundo, mas se houver, com certeza Luis Antonio Gabriela o perdoou.
Afinal, em uma de suas falas mais marcantes - para mim pelo menos - ela diz: "Não entendo porque as pessoas regulam afeto.".
E realmente, é uma coisa que eu não entendo também, mas talvez agora, após ter conhecido Gabriela que nasceu Luis Antonio aqui em Santos, perto de mim e de outras tantas pessoas que ainda não tiveram a oportunidade de conhecê-la eu possa ofertar amor e carinho aos outros, já que entender não tem mais importância.
E espero que todos que ali estavam lotando o teatro do Sesc Santos e presenciaram essa história, possam pensar assim.
Se essa foi a Gabriela real eu não sei dizer, mas as vezes um pouco de ficção nos ensina muito mais sobre a realidade em que vivemos.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Festival Palco Giratório no Sesc Santos - Luis Antônio - Gabriela

Festival Palco Giratório
Rede Sesc de Intercâmbio e difusão de artes cênicas 2013!
link:
http://www.sesc.com.br/palcogiratorio/luisantonio.html

PRIMEIRO OLHAR – II FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO PARA BEBÊS.



O Grupo Sobrevento realiza, de 23 de agosto a 16 de setembro, o PRIMEIRO OLHAR – II FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO PARA BEBÊS.
  A programação tem ENTRADA FRANCA e reúne as Cias. La Casa Incierta (Madri-Espanha), Teater Refleksion (Aarhus-Dinamarca), Les Incomplètes (Québec-Canadá), Cia. Pés Pequenos e Grupo Sobrevento (São Paulo-Brasil), que apresentam espetáculos, participam de mesas-redondas e coordenam oficinas no CLAC – Centro Livre de Artes Cênicas de São Bernardo do Campo, no Espaço Sobrevento e em Centros Educacionais Unificados (CEUs) de São Paulo. Voltados para o público de seis meses a quatro anos, os espetáculos revelam um teatro surpreendente, provocador, poético, comovedor, moderno, que mostra a maturidade alcançada pela Arte voltada para a primeira infância e os novos caminhos teatrais que ela aponta.
O Festival Primeiro Olhar promoverá durante quatro semanas 40 apresentações de 6 espetáculos, duas mesas-redondas e uma Oficina de Teatro para Bebês, destinada a artistas, pesquisadores e educadores.
O projeto é uma realização do Grupo Sobrevento e conta com o apoio do Governo do Estado de São Paulo, Secretaria de Estado da Cultura – Programa de Ação Cultural – 2012, Prefeitura de São Bernardo do Campo, Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, Instituto Cultural da Dinamarca, Ministério das Relações Exteriores da Dinamarca, Ministério da Cultura da Dinamarca, Agência de Arte da Dinamarca, Conselho de Arte da Dinamarca, Canal Curumim, Escritório do Governo do Québec em São Paulo, Conselho de Artes e Letras do Québec (CALQ), Ville de Québec, INAEM – Instituto Nacional de las Artes Escénicas y de la Música – Governo da Espanha e FIL – Festival Intercâmbio de Linguagens. 
PROGRAMAÇÃO
ESPETÁCULOS
GRUPO SOBREVENTO | SP_BRASIL - Espetáculo BAILARINA
Uma mulher recebe de presente, de sua filha, uma caixinha de música, com uma bailarina. Entre colares e a dança da bailarina, ela se lembra dos sonhos esquecidos e abandonados e questiona o equilíbrio que buscou e que encontrou. Esta conquista, porém, afastou-a do risco, do medo, da queda e das emoções mais profundas que sua filha – agora, do mesmo modo que quando era pequena – teima em despertar. Bailarina é um espetáculo muito íntimo e delicado, feito de silêncios, ações físicas, utilização de objetos, valorização das mínimas ações: pequenas coisas que, na relação com a primeira infância, tomam uma dimensão muito maior. 
GRUPO SOBREVENTO | SP_BRASIL - Espetáculo MEU JARDIM
Entediado, em meio a um deserto, um viajante decide criar um jardim. Mas como fazê-lo? A partir do texto da autora belga de origem iraniana Mandana Sadat, o Grupo Sobrevento compõe um espetáculo que fala de esperança, de sonho, do desejo e da possibilidade de transformar o mundo, em uma paisagem que poderia ser o Irã, como poderia ser o Brasil. A montagem utiliza elementos visuais e sonoros próprios da cultura brasileira, que a aproximam da cultura iraniana e que, curiosamente, parecerão familiares a cidadãos de todo o mundo. 
CIA. LA CASA INCIERTA | MADRI_ESPANHA - Espetáculo CAFÉ FRÁGIL (Desayuno Fragil)
Café Frágil é um espetáculo de teatro de objetos criado a partir do universo do multiartista italiano Antonio Catalano – do grupo Casa degli Alfieri, fruto de um projeto interativo entre teatro e artes visuais. O espetáculo revela, com um jogo de sombras e objetos, um universo mágico presente no cotidiano de todos. A Companhia vem ao Brasil graças ao apoio do INAEM - Instituto Nacional de las Artes Escénicas y de la Música, da Espanha. 
CIA. PÉS PEQUENOS | SP_BRASIL - Espetáculo O JARDIM DE CAICARA 
A peça mostra a pequena Caicara, que um dia resolve quebrar a rotina do seu jardim e sai para passear sem a companhia dos pais. Do lado de fora desse ambiente familiar, ela começa a perceber e explorar o mundo, entrando em contato com novos objetos. O espetáculo aborda os desafios de ficar em pé e afastar-se dos pais. Este projeto foi contemplado pelo Prêmio Funarte de Teatro Myriam Muniz 2012.
TEATER REFLEKSION | AARHUS_DINAMARCA - Espetáculo SONGS FROM ABOVE 
Neste espetáculo, o público é convidado a entrar em uma tenda - uma grande instalação plástica - e coloca-se bem juntinho da única atriz que, em um cenário claro e limpo, em um ambiente silencioso, em uma atmosfera de tranquilidade e serenidade, conta uma história singela e tocante. Ela narra o sonho de uma criança, de uma forma simples e delicada, com pequenos bonecos, valendo-se de truques ao mesmo tempo simples e surpreendentes. É, entretanto, a fineza e sutileza do trabalho desta única atriz, brasileira radicada na Dinamarca há muitos anos, que, em português, magnetiza, deslumbra e envolve um público de bebês e pais em uma experiência inesquecível. O espetáculo vem ao Brasil, em parceria com o FIL, o Canal Curumim e a Amazon Network, graças aos esforços do Instituto Cultural da Dinamarca, que, com o Ministério das Relações Exteriores da Dinamarca, com o Ministério da Cultura da Dinamarca, com a Agência de Arte da Dinamarca e com o Conselho de Arte da Dinamarca, subvencionam a turnê do Teater Refleksion pelo país. 
LES INCOMPLÈTES | QUÉBEC_CANADÁ - Espetáculo EDREDON 
Edredon é uma reflexão na hora em que se põe a cabeça no travesseiro sobre vários temas tais como intimidade, sonhos, relacionamentos e espaços desconhecidos. Primeiro trabalho da jovem companhia sediada na cidade de Québec, Les Incomplètes, encenado bem próximo ao público e repleto de sensações, poesia, sombras, projeções, luz e música. O espetáculo vem ao Brasil, em parceria com o FIL, graças ao apoio do Escritório do Governo do Québec em São Paulo, do Conselho de Artes e Letras do Québec (CALQ) e da Ville de Québec.
AGENDA DE ESPETÁCULOS
Espaço Sobrevento
24 e 25 de agosto, 16h - GRUPO SOBREVENTO | SP_BRASIL - Espetáculo BAILARINA 
31 de agosto e 1º de setembro, 16h - CIA. LA CASA INCIERTA | MADRI_ESPANHA - Espetáculo CAFÉ FRÁGIL (Desayuno Fragil) 
7 e 8 de setembro, 14h30 e 16h - GRUPO SOBREVENTO | SP_BRASIL - Espetáculo MEU JARDIM 
14 e 15 de setembro, 16h - LES INCOMPLÈTES | QUÉBEC_CANADÁ - Espetáculo EDREDON 
CLAC
24 de agosto, 11h e 14h | 25 de agosto, 9h e 11h  - CIA. LA CASA INCIERTA | MADRI_ESPANHA  - Espetáculo CAFÉ FRÁGIL (Desayuno Fragil)
31 de agosto e 1º de setembro, 11h e 14h - GRUPO SOBREVENTO | SP_BRASIL - Espetáculo MEU JARDIM
7 e 8 de setembro, 14h - CIA. PÉS PEQUENOS | SP_BRASIL - Espetáculo O JARDIM DE CAICARA
14 e 15 de setembro, 11h e 14h  - TEATER REFLEKSION | AARHUS_DINAMARCA - Espetáculo SONGS FROM ABOVE
14 e 15 de setembro, 11h30 e 14h30 - GRUPO SOBREVENTO | SP_BRASIL  - Espetáculo BAILARINA
CEUs
9 de setembro, 14h e 15h | CEU Três Lagos –  GRUPO SOBREVENTO | SP_BRASIL - Espetáculo MEU JARDIM
10 de setembro, 14h e 15h| CEU Alto Alegre – GRUPO SOBREVENTO | SP_BRASIL  - Espetáculo BAILARINA
11 de setembro, 14h e 15h| CEU Navegantes – GRUPO SOBREVENTO | SP_BRASIL  - Espetáculo BAILARINA
12 de setembro, 14h e 15h| CEU Quinta do Sol – GRUPO SOBREVENTO | SP_BRASIL  - Espetáculo BAILARINA
13 de setembro, 10h, 11h, 14h e 15h| CEU Jaçanã – GRUPO SOBREVENTO | SP_BRASIL  - Espetáculo BAILARINA
MESAS-REDONDAS
“Criação no Teatro para Bebês – Pedagogia ou Poesia?” - GRUPO SOBREVENTO | SP_BRASIL e CIA. LA CASA INCIERTA | MADRI_ESPANHA - 23 de agosto, 19h - CLAC – São Bernardo do Campo
“O Ator no Teatro para Bebês – Caminhos para uma Comunicação Poética” - GRUPO SOBREVENTO e CIA. PÉS PEQUENOS | SP_BRASIL, TEATER REFLEKSION | AARHUS_DINAMARCA e LES INCOMPLÈTES | QUÉBEC_CANADÁ - 16 de setembro, 19h - Espaço Sobrevento – São Paulo
OFICINA
"Em Busca de uma Dramaturgia para a Primeira Infância” - com a CIA. LA CASA INCIERTA | MADRI_ESPANHA
30 de agosto | 2 e 3 de setembro, das 9h às 12h - CLAC – São Bernardo do Campo. Público: Destinada a artistas, pesquisadores e educadores. 25 vagas. Inscrições até 23.08 pelo e-mail info@sobrevento.com.br
O Teatro para Bebês obriga os seus criadores a uma nova postura e a um novo olhar. Partindo do pressuposto de que todo ser humano tem uma capacidade inata de entendimento, de comunicação e de sensibilidade, chegamos a um ponto que desconhecemos, em que temos mais a aprender que a ensinar. Não nos servem mais os truques, as caretas, as cartas na manga, a emoção técnica e superficial, os velhos esquemas. E, de quebra, descobrimos que o espaço, o jogo, a forma e o lugar social que o Teatro assumiu também podem ser questionados. E que estas ideias às quais andamos agarrados - mesmo princípios científicos e fundamentos pedagógicos - não passam de preconceitos. E temos que olhar tudo como pela primeira vez. E redescobrir aquilo que achávamos que conhecíamos. Em busca de um novo Teatro, de uma nova comunicação e de nós mesmos. A oficina será um bom momento para começar a desconfiar do que acreditamos saber e confiar no que desconhecemos.
O IDEALIZADOR DO PROJETO
O GRUPO SOBREVENTO é uma das companhias de Teatro Animação que mais se apresentam no exterior. No Brasil, realizou diversos eventos internacionais e faz a curadoria de muitos Festivais Internacionais de Teatro e de Teatro de Animação. Desenvolve uma pesquisa avançada, teórica e prática, acerca do Teatro para Crianças, no Teatro de Animação. Tem renome internacional e uma carreira sólida de 27 anos. Tem recebido prêmios ou indicações para prêmios (Mambembe, APCA, Shell e Estímulo) e críticas elogiosas que destacam principalmente o aspecto da pesquisa e a inovação em cada montagem. Realizou em 2010 a Mostra PRIMEIRO OLHAR - I Festival Internacional de Teatro para Bebês, em São Bernardo do Campo e, em 2011, o PRIMEIRO TEATRO: I Ciclo Internacional de Teatro para Bebês, em Brasília e no Rio de Janeiro.
Sobre as companhias participantes
LA CASA INCIERTA é precursora do Teatro para Bebês na Espanha e direciona seu trabalho a este público há mais de 13 anos. Realiza um Festival Internacional de Teatro para Bebês em seu país que já se encontra em sua décima edição. Seu diretor, Carlos Laredo, dirigiu por 10 anos o Festival Teatralia, um dos maiores eventos de artes para crianças da Europa, e também ocupou a direção da Rede de Teatros de Madri.
Fundada nos anos 80, REFLEKSION é uma das companhias mais importantes da Dinamarca. Dedica-se ao Teatro para Jovens, Crianças e Bebês. Com uma linguagem particular, que se vale da utilização de objetos, marionetes, atores e um grande apuro plástico, a companhia conquistou, por sua trajetória, o respeito de artistas, público e críticos, e tem recebido muitos prêmios em seu país.
LES INCOMPLÈTES é uma companhia de criação teatral e de pesquisa inspirada na pluralidade das disciplinas artísticas. Atualmente, dedica-se principalmente as pesquisas voltadas para primeira infância, público que abre as portas para uma narrativa baseada na imagem e nas sensações. Com o objetivo de criar um vínculo social e enriquecer o processo de criação, a companhia também participa de projetos de ação cultural, visando aproximar a comunidade, os artistas e suas obras. Está sediada em Québec, onde existe uma longa tradição de espetáculos para o público infantil e onde acontece o Festival Petit Bonheurs, que está em sua 10º edição.
A CIA. PÉS PEQUENOS nasceu de uma pesquisa acerca da primeira infância iniciada em 2009, pelo Núcleo Trecos e Cacarecos – companhia teatral com vinte anos de existência, cujo repertório é centrado no trabalho para crianças e jovens. O grupo vê a criança como um indivíduo capaz de viver um acontecimento teatral e busca uma linguagem cênica capaz de propor a bebês, pais e educadores um diálogo sensível, proporcionando-lhes uma experiência de fruição artística.
Ficha Técnica Festival: Realização e direção de produção: Grupo Sobrevento | Curadoria: Grupo Sobrevento e La Casa Incierta | Produção executiva: Lucia Erceg e Claudia Vargas | Iluminação: Marcelo Amaral | Assist. Iluminação: Ícaro Zanzini | Montagem: Agnaldo Souza | Monitoria: Alessandra Cino, Agnaldo Souza, Giuliana Pellegrini, J. E. Tico, Anderson Gangla e Thaís Larizzatti | Programação Visual: Marcos Correa, Ato Gráfico | Assessoria de Imprensa: Canal Aberto
Serviço
PRIMEIRO OLHAR – II FESTIVAL INTERNACIONAL DE TEATRO PARA BEBÊS
23 de agosto a 16 de setembro de 2013
Locais:
CLAC – Centro Livre de Artes Cênicas. Praça São José, s/nº – Baeta Neves – São Bernardo do Campo – Telefone: (11) 4125-0582.
Espaço Sobrevento. Rua Coronel Albino Bairão, 42 – Metrô Bresser-Mooca – Telefone: (11) 3399-3589.
CEU Três Lagos. Estrada do Barro Branco s/nº – Barro Branco – Telefone: (11) 5976-5643.
CEU Alto Alegre. Rua Bento Guelfi, s/nº, Jardim Laranjeira –  Iguatemi – Telefone: (11) 2075-1012.
CEU Navegantes. Rua Maria Moassab Barbour, s/nº – Parque Residencial Cocaia– Telefone: (11) 5976-5533.
CEU Quinta do Sol. Av. Luiz Imparato, 564 – Vila Cisper – Cangaíba – Telefone: (11) 3396-3433.
CEU Jaçanã. Rua Antonio Cezar Neto, 105 – Jardim Guapira – Telefone: (11) 3397-3977.
Os locais serão adaptados para receber os bebês e seus pais e contarão com assentos especiais para bebês, trocador, assentos sanitários infantis nos banheiros e brinquedoteca, além de um estacionamento para carrinhos de bebê.
Duração: Os espetáculos têm duração de 30 a 45 minutos.
Capacidade e recomendação: 80 lugares- destinam-se a um bebê de 6 meses a 3 anos de idade com um acompanhante, em um total de 40 lugares para bebês e 40 lugares para acompanhantes, por sessão (com exceção dos espetáculos SONGS FROM ABOVEque comporta apenas 40 espectadores entre crianças de 2 a 4 anos e adultos  - CAFÉ FRÁGIL e O JARDIM DE CAICARA, que, no CLAC, comportarão 165 espectadores).
Ingressos gratuitos, distribuídos meia hora antes de cada sessão (no Espaço Sobrevento) e uma hora antes de cada sessão (no CLAC). É recomendável fazer reserva pelo e-mail info@sobrevento.com.br

O SOBREVENTO é um núcleo da Cooperativa Paulista de Teatro.
Visite nossa página em http://www.sobrevento.com.br e nosso blog em http://espacosobrevento.blogspot.com
Esta mensagem foi enviada à mala direta digital do SOBREVENTO. Para excluir seu nome, basta respondê-la com a palavra "excluir" na caixa de assunto. Caso tenha recebido este e-mail encaminhado por um amigo e queira receber diretamente os e-mails do SOBREVENTO, mande uma mensagem para info@sobrevento.com.br com a palavra "incluir" na caixa de assunto.

 

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Círculo de Giz Brechtiano - Sesc Santos!

Nesse período de contradições e lutas políticas, a programação Círculo de Giz Brechtiano propõe refletirmos sobre a sociedade sob diferentes linguagens artísticas!

Acompanhe a programação do Círculo de Giz Brechtiano, de 25 a 30/06:

Conjunto de ações artísticas e reflexivas envolvendo teatro, cinema e música sobre pensamentos e estética do dramaturgo, poeta, diretor e teatrólogo alemão Bertolt Brecht (1898 – 1956). Propostas apresentadas para diferentes formas de fruição, possibilitando a ressignificação do espaço público e da própria Unidade do Sesc Santos, utilizando espaços tradicionais e não convencionais. http://novo.sescsp.org.br/programacao/3916_CIRCULO+DE+GIZ+BRECHTIANO#/content=programacao

domingo, 9 de junho de 2013

Lou&Leo: Mais um Baskerville para o Nélson - Sesc Santos 15/06

Foto de Leo Moreira Sá, na peça
"Hipóteses Para o Amor e a Verdade"

 

 

O Sesc Santos realizará a estréia de Lou&Léo, novo espetáculo de Nélson Baskerville, no dia 15/06, Sábado às 20h.

Sob a atuação de Leo Moreira Sá e Beatriz Aquino. Em um diálogo com sua memória, Leo Moreira Sá reflete sobre a longa jornada que empreendeu em busca da sua identidade, desde que era Lou (baterista da banda As Mercenárias) até se assumir como Leo. O espetáculo é uma confissão íntima sobre a necessidade de reconhecer o amor por si próprio. Teatro-Documentário. Duração: 50min. Após apresentação haverá um diálogo com o diretor Nélson Baskerville. Teatro.
  Não recomendado para menores de 16 anos
 
R$ 4,00[inteira]
R$ 2,00[usuário matriculado no Sesc e dependentes, aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e professor da rede pública com comprovante]
R$ 1,00[trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes]

 O espetáculo faz parte da programação Sesc Santos, em apoio ao FESCETE:

Em sua XVII edição, o FESCETE - Festival de Cenas Teatrais, acontece de 14 a 28 de junho e propõe a investigação de estéticas e linguagens em uma encenação de 15 minutos. O Festival ocorre em vários pontos da cidade, visando experimentações, aberturas de processos, formação e iniciação artística de estudantes, artistas e interessados. O Sesc Santos apoia com espetáculos teatrais, atividades formativas e um bate-papo com o homenageado Nélson Baskerville. 

 Compartilho crítica de Natália Nolli Sasso:

Fonte: http://www.questaodecritica.com.br/2013/03/muitos-baskervilles-para-um-so-nelson/

Muitos Baskervilles para um só Nelson

Artigo sobre o trabalho do diretor Nelson Baskerville

Tenho uma fotografia emoldurada e protegida por vidro, cujo autor desconheço. Tudo que me lembro sobre ele diz respeito à procedência: um francês, contemporâneo – e acrescentei a essa inexatidão de informações um gênero: um homem, por dedução. Ela chegou até mim como presente. No começo não prestava muita atenção. Fiquei em dúvida sobre onde colocá-la, e assim passou mais de um ano guardada atrás de uma pilha de livros. Na indecisão, esqueci-me dela completamente. Foi durante uma mudança, enquanto desencaixotava objetos, que a resgatei de uma caixa, e resolvi trazê-la para a luz.
Passei dias olhando-a distraidamente, e de diversos pontos. Um dia, decidi deixá-la deitada, na horizontal, sobre um móvel baixo de madeira. Em alguma medida eu percebi que preferia olhá-la assim, por cima. Tudo isso feito com muita desatenção, aleatoriamente, em meio à rotina. Noutro dia, mais atenta, me dei conta que seu autor deve ter fotografado a cena de cima, possivelmente de uma posição equivalente ao segundo ou terceiro andar de um edifício. A cena se passa numa praça qualquer, parece registrar um jogo de bocha. O ponto de vista usado pelo fotógrafo desenha um ângulo que faz o olhar convergir para a cena a partir de um traçado imaginário que parte da lateral direita do observador. Essa lateralidade é a graça da foto e confere espontaneidade, casualidade à cena. O recurso, apesar de simples, determina um modo de olhar para a obra, mesmo que opcional, já que não impede outros tantos modos.
Conto essa breve história para me aproximar da questão do ponto de vista do autor diante de sua própria obra. E também do lugar do espectador nessa relação de muitas dimensões. E para falar do teatro dirigido por Nelson Baskerville.
Começo a pensar nele, após assistir quatro de suas direções, como um autor da cena que dirige e escreve (ou adapta). Esse conjunto de peças inclui: Luis Antônio – Gabriela, Brincando com fogo e Credores (essas duas a partir das obras homônimas de Strinberg); e numa medida mais amena também As estrelas cadentes do meu céu são feitas de bombas do inimigo.
Um autor como alguém ocupado na totalidade da obra; um artista cujos pensamentos sobre e para o teatro atravessam todas as instâncias do processo ao espetáculo, atribuindo uma assinatura própria.
De saída, ele assumidamente tem como leitmotiv de duas dessas citadas direções (Luis Antonio-Gabriela e Credores) a necessidade de colocar em cena questões espinhosas de sua vida pessoal. Isso, apesar de recorrente para a arte, é feito por ele com absoluto desprendimento, com a negação do tom confessional. É latente que se referem às questões íntimas, mas o que se sobrepõe a esse material não tem pertencimento.
Uma explicação para esse resultado talvez seja o modo como ele cria: coloca suas inquietações na roda, ou melhor, na gênese do processo de criação, durante os ensaios, para a improvisação e colaboração (e co-elaboração) ativa dos atores com quem trabalha.
Nesse momento, o material inicial é desvelado, desarticulado, e as referências dadas se submetem ao livre exercício da improvisação. Cortes, excessos, redundâncias, brincadeiras, tudo vale nesse momento de criação em colaboração com atores. E esses tomam para si a obra, se investem do papel de co-autores.
Curioso o fato desse diretor trabalhar de um mesmo modo com companhias diferentes (Mungunzá, Mamba de Artes e Provisório-Definitivo, respectivamente).
Os processos que conduz e propõe parecem seguir uma mesma conduta de trabalho.
O esgarçamento do material inicial, propenso às propostas, referências pessoais e apropriações de cada ator segue para uma liquidificação; não propriamente a assimilação inerte dessas interferências, mas o jogo com elas. O resultado, quando se olha com bastante atenção, entrevê marcas, ou mesmo pistas do que foi esse processo dialógico e um tanto anárquico. Fica ao espectador a impressão de muitos pontos de vista em profusão, mas convergentes para um pensamento, uma lógica interna que tudo atravessa: a autoria de Baskerville.
Autor como alguém que cola, recorta, pinça, desmonta, cola, monta, até alcançar uma unidade para a criação.
Assistir algo dirigido por Baskerville é uma experiência mobilizadora: olha-se de muitos pontos, para cenas que parecem estar dentro de outras cenas, ações que correm paralelamente ou através de outras, num jogo que exige agilidade da assistência. Suas obras geram demandas de atenção ininterrupta para a plateia, e logo a envolvem no andamento da cena.
Como todo colador, ele retira referências de contextos próprios, originais, e desloca para outros novos, às vezes um tanto improváveis. Recorta de seu repertório íntimo, para colar no outro, no ator-jogador, aquele com quem cria diálogos, entre subjetividades, entre pensamentos. Faz usos inusitados de elementos pré-dados, seja do autor (Strinberg) ou do que lhe oferecem seus atores.
(Soube por Baskerville, de um dado curioso: algumas pessoas assistem dezenas de vezes a Luis Antônio-Gabriela. Esse dado parece confirmar a eficiência da comunicação do espetáculo com o público, e dizer sobre o quanto a obra é envolvente, apesar de e porque parte de relatos de família e memórias, mas sobrepõe essa condição inicial)
E se o processo de criação dramatúrgica e da cena como um todo é poroso, maleável, dialógico e irreverente às hierarquias e relações de papeis e pertencimento; a obra final conjuga colaborações em função de uma coesão compacta e unificadora; segue para onde está a plateia sentada, à espera de um outro diálogo.
E se a improvisação é base da criação, o substrato é o jogo com o aleatório, com o incerto, com o outro, com o inesperado do outro, com materiais diversos; o espetáculo apresenta rigor e precisão na articulação de todos os elementos. Há um fio condutor, pensamento e forma de criar, colando as partes organicamente em um todo.
Por trás da sujeira presente nessa cena, dos excessos de referências, dos ruídos sonoros conjugados à música popular; atravessando depoimentos e desabafos, e textos de outros autores, na anarquia aparentemente caótica entre os elementos de cena, por trás da brincadeira das cenas prenhes de cenas; posicionado no bastidor, na batuta e ao mesmo tempo sentado na plateia: a orientação calculada de um diretor. Em cena permanece apenas o que restou da organização minuciosa (e ainda assim bastante libertária) de um emaranhado anterior suculento, caudaloso, aleatório e complexo ao extremo.
Nelson Baskerville parte de inquietações pessoais – sua matéria bruta – para jogar com o emaranhado de outras inquietações, para dialogar com a contradição. Permite sustentar sua obra em contornos imprecisos do humano, nas questões dúbias do desejo, da sensação incômoda de saber-se livre. E só alcança esse nível extremo de diálogo, só sai para fora de si por se colocar em papeis alheios. Generosidade artística de quem assimila, brinca e se faz em muitos, para se comunicar com o público, essa entidade respeitável.
Natália Nolli Sasso é jornalista e técnica de Artes Cênicas do Sesc SP.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

domingo, 5 de maio de 2013

Bob Wilson no Sesc Santos com A DAMA DO MAR, 16 e 17 de maio/13

  A DAMA DO MAR Pela primeira vez Robert Wilson dirige elenco brasileiro, em peça com texto de Susan Sontag, inspirada no original de Henrik Ibsen Com Bete Coelho, Hélio Cícero, Ligia Cortez, Luis Damasceno e Ondina Clais Castilho. Estreia Santos 16 e 17 de maio de 2013 Teatro Sesc Santos Depois das apresentações de A Última Gravação de Krapp, Ópera de Três Vinténs e Lulu, o Sesc avança na sua parceria com Robert Wilson ao trazer outra produção do diretor-norte americano, A Dama do Mar, desta vez encenada só por atores brasileiros. Em fevereiro Wilson esteve em São Paulo para selecionar o elenco que reunirá nos palcos do Sesc Santos e do Sesc Pinheiros Bete Coelho, Hélio Cícero, Ligia Cortez, Luis Damasceno e Ondina Clais Castilho. Susan Sontag escreveu o texto especialmente para Wilson, a partir da peça clássica de Ibsen, uma interpretação contemporânea da lenda da mulher-foca ­ pela segurança do conhecido, ela renuncia ao seu anseio de explorar a sua verdadeira natureza. Élida viveu o começo de sua vida em grande liberdade no mar selvagem da Noruega, com seu pai e, depois de sua morte, casou-se com um velho viúvo, pai de duas filhas. Na versão brasileira, as atrizes Ligia Cortez e Ondina Castilho vão alternar a personagem de A Dama do Mar. Em cada apresentação, interpretam Élida ou uma de suas enteadas. A música de Michael Galasso foi composta a partir da adaptação de tradicionais canções folclóricas escandinavas, seu particular violino e sons do mar, como gritos das gaivotas. Com o figurino de Giorgio Armani, que reflete as várias cores do oceano, e o simples e elegante cenário, que remete a um deck de navio ­ onde pedaços de cena são indicados somente com a adição de um tecido parecido com vela de barco ­, e com mudanças de luz, Wilson criou uma obra que impregna o teatro com o desejo de Élida pelo mar. “Pensei nas formas de uma vela, pensei no encontro de linhas curvas e retas. O que me fascina neste texto é exatamente essa intercecção: a linha do tempo natural que é interrompida pela linha do tempo sobrenatural. Dois mundos que entram em colisão. Aquele que emerge será a naturalidade do sobrenatural”, afirma Wilson. Esta produção começou na Itália (1998) com Dominique Sanda no papel principal, foi remontada na Coréia (2000), com atores locais, sucesso no Festival de Teatro de Seul e o primeiro trabalho de Wilson naquele país. Depois foi encenada no Teatr Dramatyczny em Varsóvia (2005) com novo elenco de atores poloneses e permaneceu em cartaz por dois anos. Em 2008, uma nova versão foi produzida com elenco espanhol, quando Élida foi interpretada pela famosa atriz Angela Molina. Robert Wilson Desde os anos 60, as produções de Robert Wilson têm influenciado decisivamente o cenário do teatro e da ópera. Por meio de sua assinatura no uso da luz, suas investigações sobre a estrutura de um simples movimento e o clássico rigor de sua cenografia, Wilson tem continuamente articulado a força e a originalidade de sua visão. O jornal The New York Times descreveu Robert Wilson como uma imponente figura no mundo do teatro experimental. Nascido em 1941, em Waco, no Texas, Wilson está entre os principais artistas teatrais e visuais do mundo. Seu trabalho no palco integra, de forma não convencional, uma grande variedade de linguagens artísticas, incluindo dança, movimento, luz, escultura, música e texto. Suas imagens são esteticamente marcantes e emocionalmente carregadas e suas produções têm sido consagradas por plateias e críticos no mundo inteiro. Entre os prêmios e homenagens recebidos por Wilson estão dois Guggenheim Fellowship Awards (1971 e 1980), a nomeação para o Prêmio Pulitzer em Drama (1986), o Golden Lion para escultura na Bienal de Veneza (1983), o Dorothy and Lillian Gish Prize (1996), o Prêmio Europa do Taormina Arte (1997), a eleição para a Academia Americana de Artes e Letras (2000), e o prêmio Commandeur des arts et des lettres (2002), entre outros. Com o compositor Philip Glass, ele criou a ópera Einstein on the Beach. Nas produções como Deafman Glance, KA MOUTain and GUARDenia Terrace, Life and Times of Sigmund Freud, CIVIL warS, Death Destruction & Detroit e Letter for Queen Victoria, ele redefiniu e expandiu o teatro. Os colaboradores e parceiros de Wilson incluem diversos escritores e músicos, além de Susan Sontag, Lou Reed, Heiner Müller, Jessye Norman, David Byrne, Tom Waits e Rufus Wainwright. Wilson também encenou versões para obras-primas como A Flauta Mágica, Wagner's Ring Cycle, Madame Butterfly, Dreamplay, Peer Gynt, The Threepenny Opera (A Ópera de Três Vinténs) e Shakespeare’s Sonnets (Sonetos de Shakespeare). Histórico Projeto Sesc / Robert Wilson O projeto faz parte de uma parceria entre o Sesc, a Change Performing Arts e Watermill Center. Este programa já contou com as apresentações de A Última Gravação de Krapp, de Samuel Beckett, com atuação de Robert Wilson, no Sesc Belenzinho, em abril de 2012, além de A Ópera dos Três Vinténs, de Bertolt Brecht, e Lulu, de Frank Wedekind, com a companhia alemã Berliner Ensemble, em novembro de 2012, no SESC Pinheiros. Foi a primeira vez que os dois espetáculos da renomada Cia. com a assinatura do diretor puderam ser vistos consecutivamente em uma mesma cidade. A programação paralela ao espetáculo A Última Gravação de Krapp apresentou, em abril de 2012, no Cinesesc, um documentário sobre a obra de Robert Wilson e o encenador conduziu ainda encontros com artistas para discutir a arte teatral e refletir sobre qual o diferencial da produção brasileira na criação artística. No Brasil, Robert Wilson já apresentou alguns trabalhos, como Quartett, com texto do dramaturgo alemão Heiner Müller (1929-1995) e atuação da francesa Isabelle Huppert, em setembro de 2009, no Sesc Pinheiros. Além disso, o Sesc também recebeu a Exposição Voom Portraits - composta principalmente por videoinstalações inspiradas na linguagem teatral, segundo a estética precisa do artista, entre o final de 2008 e início de 2009, igualmente no Sesc Pinheiros. SERVIÇO A Dama do Mar: Duração: 1h30 Não recomendado para menores de 16 anos. Sesc Santos ­ 16 e 17 de maio às 21h. Teatro do Sesc Santos (757 lugares ­ acesso para pessoas com deficiência) Ingressos: R$ 32,00 (inteira); R$ 16,00 (usuário inscrito no Sesc e dependentes, +60 anos, estudantes e professores da rede pública de ensino) R$ 8,00 (comerciários e trabalhadores em empresas do comércio de bens, serviços e turismo). Endereço: Rua Conselheiro Ribas, 136. Horário de funcionamento da Unidade: Terças a sextas, das 09 às 22h. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h horas. Central de Atendimento: Terça a sexta das 09h às 21h30. Sábados, domingos e feriados das 10h às 18h30. Tel.: 13 3279.9800

terça-feira, 30 de abril de 2013

Peça ESTAMIRA, sexta e sábado no Sesc Santos

Adaptação do premiado documentário Estamira, de Marcos Prado. Uma catadora de lixo, doente mental crônica, com uma percepção do mundo surpreendente e devastadora. O pano de fundo da história é o lixão, onde são encontradas cartas, memórias, histórias, com uma linguagem que se utiliza de elementos documentais e ficcionais, que passa do grotesco ao sublime, do drama à comédia, o espetáculo é palco para a tensão entre a loucura e normalidade, assim como é Estamira. Com Dani Barros e Direção de Beatriz Sayad. Sábado e domingo, às 21h no Auditório do Sesc Santos. Apenas 99 ingressos!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

HOJE: UM DIA A MENOS, com a Cia. de Artes e Ofícios no Sesc Santos

Sesc Santos Hoje (19/04 às 21h) e amanhã (20/04, às 20h), tem o espetáculo UM DIA A MENOS, com a Cia. de Artes e Ofícios. A montagem "Um dia a menos" da Cia. de Artes e Ofícios, fala da possibilidade da morte para valorizar a vida. Do universo feminino da obra de Clarice Lispector nascem duas mulheres e um inimigo invencível: o dia-a-dia. Viver, morrer... E depois? O espetáculo conta os dois últimos dias na vida de duas mulheres que não se conhecem, mas se encontram em cima de um viaduto, antes da queda fatal. Com humor e leveza para encarar as angústias de “ser”, as personagens apresentam a poesia do cotidiano retratado nas obras de Lispector em conexão direta com a forte linguagem corporal das atrizes e a delicadeza da direção de Marcio Mehiel. Duração: 60 minutos. Retirada antecipada de ingressos (1 p/ pessoa). Grátis. Auditório. Saiba mais: http://bit.ly/11qE3Yx

quarta-feira, 20 de março de 2013

O Direito ao Teatro

Direito ao Teatro Sérgio de Carvalho Não há muita dúvida de que o teatro é o setor da vida cultural brasileira em que o engajamento na questão das "políticas culturais do Estado" se encontra mais avançado. Setores dos produtores independentes têm acompanhado de perto e tentado influenciar, através de cafezinhos, seminários e páginas nos jornais, a recente discussão sobre o Procultura, uma reforma da Lei Rouanet que pretende fortalecer as verbas diretas do Fundo de Cultura e controlar na medida do possível os diretores de marketing que hoje decidem sobre o patrocínio das artes com recursos de renúncia fiscal. Integrantes do movimento de teatro de grupo, por sua vez, tentam trazer à pauta o Prêmio de Teatro Brasileiro, uma tentativa de viabilizar montagens e processos de pesquisa com recursos geridos diretamente pelo governo. Diante de tal movimentação, alguém poderia imaginar que existe no setor alguma organização e acúmulo teórico, o que não é uma mentira plena quando comparamos o teatro com as outras artes. Entretanto, o avanço relativo não esconde que o quadro atual da reflexão é de uma completa indigência crítica quando se trata de uma verdadeira "política cultural". Disputa de recursos A frase mais lúcida sobre a questão no debate recente foi emitida por um artista que não pertence a nenhum grupo organizado e, a despeito de sua história no Teatro de Arena e da fundação de uma companhia de repertório na década de 1980, vive hoje da televisão. Antonio Fagundes afirmou em entrevista a um grande jornal: "Não existe política cultural no Brasil [...] Um Estado realmente preocupado construiria um teatro em cada bairro e faria companhias municipais, estaduais de teatro" (Entrevista publicada por O Estado de S. Paulo, Caderno 2, em 21 de maio de 2012). A observação indica um certo modelo de ação que surgiu, salvo engano, na crise do sistema liberal em alguns países europeus. Apesar da discutível identificação entre cultura e belas-artes (o que sempre pressupõe a imagem de um consumo de elite letrada), a sugestão dos teatros de bairro parece se referir ao caso prático da política cultural francesa no pós-guerra, que incorporou como projeto de Estado o Teatro Popular de Jean Vilar e criou estruturas para que um movimento de teatro descentralizado se desenvolvesse através de companhias subsidiadas, responsáveis não apenas por espetáculos de qualidade levados a todo canto, mas também por estimular o aprendizado e a difusão de uma cultura teatral diversa da representação convencional na indústria cultural e no bulevar. Na parte prática de seu comentário, Fagundes parece estar dizendo: uma política cultural, seja o que ela for, terá de ser mais do que delegar aos empresários a responsabilidade dos destinos culturais do país. Essa simples posição contrária ao neoliberalismo põe sua fala à frente da tendência geral de um debate que não faz mais questão de esconder a que vem nos últimos anos. Trata-se de uma peleja aberta pelo acesso aos fundos públicos. Entre os vários grupos de interesse na disputa estão os diretores de grandes fundações, os gestores de institutos culturais ligados a empresas, os marqueteiros e advogados envolvidos no negócio da captação de recursos, os produtores de montagens comerciais paulistas e cariocas, os administradores de festivais e, enfim, os grupos teatrais independentes que aprenderam a se organizar desde o movimento Arte contra a Barbárie, da década de 1990. Apesar da variedade de tendências e da desigualdade da luta, o interesse é o mesmo: dinheiro público. E é curioso que haja um sentimento geral de que a arte do país depende dessa suposta "política" estatal das verbas: a manifestação sentimental de carência está hoje na boca de todos, inclusive dos artistas que produzem espetáculos de mercado, aqueles mesmos que orientam seus espetáculos para resultados convencionais e procuram a eficácia de resultados voltados para um público-alvo (como qualquer empresa produtora de bens e serviços) e que, apesar da teórica adequação às expectativas do entretenimento vulgar, afirmam não ter facilidade de patrocínio porque, em última instância, as empresas preferem se autopatrocinar. Mas a gritaria surge também entre aqueles que se consideram "alternativos ao mercado" (alguns chegam mesmo a ser opositores), que produzem trabalhos experimentais que, por uma razão ou por outra, de fato têm pouquíssimas chances de existir sem algum tipo de apoio público ou privado. Essa aproximação dos contrários (pela qual não só a vitalidade dos experimentais, mas também o lucro e a acumulação do mercado teatral se tornam dependentes do Estado) faz com que os argumentos se equiparem: sem conseguir chegar ao ponto complexo de refletir sobre importância cultural ou a necessidade da universalização da cultura ou sequer sobre a construção de valores estéticos e políticos, a reivindicação dos chamados "alternativos" acaba por muito se assemelhar à de seus opositores quando estes querem privilégios em relação às grandes corporações que também "fazem cultura", ou às instituições culturais do próprio Estado. Concepção privatista de política cultural Em qualquer caso, é uma forma de debate corporativo que no fundo se opõe à construção de uma "política cultural". Reduz-se ao conflito dramático das vontades de orientar a injeção de dinheiro que o Estado faz no mercado das artes, seja ele mais central ou mais periférico. O bordão discursivo "mais verba para a cultura", com seu fundo de verdade, na medida em que o ministério e as secretarias do país são os primos pobres da gestão pública, e mal sustentam seu funcionalismo, atualiza a ideologia do pires na mão e a suposta "distinção espiritual" das artes em relação ao conjunto social. Pois já não importa de que cultura se trata. Supõe-se que estamos diante de um valor positivo de antemão: como se toda arte ou produção simbólica valesse a pena (devemos incluir aí a neonazista) e tivesse importância social. A triste constatação de que a reflexão sobre "política pública" regrediu até no movimento de teatro de grupos (a parte mais inventiva dessa arte no país), desde os manifestos do Arte contra a Barbárie, em meados dos anos 1990, deve ser compreendida no contexto de desenvolvimento capitalista recente no país, processo que se intensifica no governo Fernando Henrique e se acelera no governo Lula, chegando a parecer natural para a própria esquerda. É evidente que não começa aí a história nacional da assimilação da produção artística às condições do mercado, mas é quando ela se totaliza de um modo inédito. A força da Lei Rouanet A coincidência dos opostos no interesse por dinheiro público pode ser explicada de muitos modos. Como sempre, a ideologia resulta da modificação nas condições de produção ocorrida nas duas últimas décadas, desde o surgimento da Lei Rouanet, em 1991. Na passagem do desastrado governo Collor para o patético período de Itamar Franco, a questão da cultura não poderia mais ser concebida como reflexão sobre a nação ou sobre o povo, conceituação populista que parecia servir indiscriminadamente à esquerda e à direita (sempre que desvinculada da prática), nem abordada segundo critérios de uma discutível cultura humanista, rejeitada num mundo de fragmentação e especialização pós-moderna. A Lei Rouanet simbolizava o desejo de que as empresas do país, numa união doce com a sociedade civil, celebrassem e construíssem um novo tempo neoliberal da diversidade e pluralidade de manifestações. Na prática, iniciava-se ali uma desresponsabilização do Estado (em nome da democratização) com vistas à sujeição a uma entidade simbolicamente mais atual: o mercado, que precisava ser estimulado a se expandir. A cultura passava a ser encarada como setor da economia (e não o contrário, como seria de se supor), uma vez que o Estado, agora muito atento à pressão para enxugar sua máquina, "não pode mais autoritariamente impor um padrão estético ou cultural à sociedade". O que se viu nos anos seguintes foi uma expansão dessa lógica de delegação em termos muito práticos, proporcional à privatização de vários setores feita em nome de uma gestão mais moderna. Como protagonista nacional da transferência de dinheiro público para gerentes de marketing e seus interesses de patrocínio, a lei de renúncia fiscal gerou inúmeros simulacros estaduais e municipais. Cresceu ano a ano o número de obras teatrais patrocinadas. Em pouco tempo, aqueles artistas que antes investiam capital próprio e, como pequenos empresários num mundo do risco, trabalhavam para recuperá-lo na bilheteria perceberam que o patrocínio rendia mais e era um seguro em relação à venda de ingressos. Com raras exceções, compensava ficar pouco tempo em cartaz, na medida em que isso permitia reabrir o processo de captação para uma nova produção ou viagem. Com o mesmo impulso, cresceram os valores dos aluguéis das casas teatrais e o custo da mão de obra contratada. A profissão de técnico teatral se desenvolveu, havendo maior especialização de cenógrafos, sonoplastas, cenotécnicos e iluminadores, e passou a ser fundamental contratar caras assessorias de imprensa e investir muitíssimo dinheiro na circulação: a compra de anúncios de página inteira no jornal se tornou condição do patrocinador para filiar sua imagem ao espetáculo. Um milhão de reais deixou de ser uma exorbitância como orçamento para uma grande produção teatral que ficará poucos meses em cartaz. O ideal de uma "economia da cultura" parasitária do fundo social tornou-se, em parte, realidade. Para além do mundinho das produções teatrais, o aparelho cultural privado se desenvolveu enormemente. É um período marcado pelo surgimento dos magníficos "institutos culturais" nas avenidas centrais das cidades. Além dos institutos de todo tipo, privados e estatais, de bancos e empresas telefônicas, surgiram grandes fundações culturais associadas a corporações. Percebeu-se que a imagem de uma "empresa cidadã" não era tão custosa assim e podia se associar a interesses espirituais de uma elite que gosta de se encontrar na abertura de exposições. Construíram-se enormes teatros e casas de shows com nomes de empresas e grupos financeiros. Mesmo os festivais de teatro expandiram sua dimensão e grade de programação. Um deles adotou uma posição mais agressiva no que se refere a marketing e se juntou às empresas jornalísticas: a compra de anúncios e o financiamento das viagens de repórteres notabilizam esse festival, que passa a orientar, através do crítico de plantão, o lançamento das novidades do mercado teatral alternativo. E, de uma vez por todas, o país entrou na rota da compra e venda de espetáculos internacionais, todos viabilizados com verbas públicas e direcionados ao consumo de luxo, como dão testemunho os altos valores dos ingressos. No mesmo passo em que a Lei Rouanet permitiu um desenvolvimento relativo de algumas instituições culturais e liberou verbas ao próprio funcionamento do aparelho cultural do Estado, através da pressão do governo nas estatais (na verdade as grandes investidoras na cultura do país, sobretudo de cinema), houve no período, ao menos até o governo Lula, um notável retraimento das ações diretas para o desenvolvimento das artes, dependentes de dotação orçamentária. O Estado, em todos os níveis, deixou de cuidar de sua estrutura física e pessoal na área cultural: teatros abandonados, casas de cultura sem equipe, museus e bibliotecas malcuidados. No todo, um desinteresse e uma incapacidade de formulação de um projeto cultural minimamente socializante. Contrária a qualquer dirigismo cultural, em nome da democracia, a transferência de controle viabilizada pela única fonte legal de recursos permitiu à parte já endinheirada da sociedade civil descobrir uma renda adicional no negócio da cultura, a ponto de desistir do ideal do mercado como lugar de autonomia. Mudança da relação produtiva O que a década de 1990 fez no governo FHC, do ponto de vista de "política cultural", conduzida pelo melancólico ministério de Weffort, foi lançar a pá de cal sobre os resquícios de um projeto anterior contraditório, que nunca chegou a se implantar como ação integrada, mas gerou alguns efeitos produtivos. Com a supressão desses fragmentos que atravessaram a ditadura militar, decretou-se a totalização da forma mercadoria na relação cultural. Na década seguinte, no governo Lula tentou-se uma correção da visão neoliberal anterior com a pulverização de ações baseadas num imaginário tropicalista-populista. Os ministros Gil e Juca Ferreira procuraram mostrar que sob o totalitarismo do mercado existe uma diversidade integrável de realizações, e valorizaram de modo abstrato a "produção cultural do povo", equiparando no discurso o artesanato e o folclore à indústria cultural. Diante dessa pauta de integração mercantil das diferenças, lançaram-se a distribuir algum reconhecimento a culturas regionais por meio de editais, infindáveis reuniões de câmaras setoriais e, de fato, transferiram condições produtivas mínimas (através da ferramenta potencialmente útil mas mal controlada dos Pontos de Cultura) a grupos da sociedade civil. A categoria reguladora do debate nunca deixou de ser, entretanto, a malfadada "economia da cultura". Na primeira década de protagonismo da Lei Rouanet, nos anos 1990, o Estado brasileiro fez a conversão neoliberal clássica: substituiu a noção de "serviço público" pela de "empresa a seu serviço". Proclamou aos quatro ventos que também no setor da cultura deveria ser o mercado a principal força modernizadora e emancipadora. Reações surgiram. O governo Lula, prometendo crítica ao modelo anterior, convocou as vozes dissonantes (inclusive militantes do teatro de grupo) e as aproximou de sua esfera de interlocução. Percebendo que era preciso apaziguar os ânimos, ampliou o leque das ações diretas do Estado no setor das artes, aumentando o número de editais destinados aos excluídos da Lei Rouanet. Em pouco tempo, e a preço baixo, cooptou a maioria das vozes contrárias ao processo geral de naturalização do mercado, que atravessaram a fronteira da miséria para a pobreza produtiva e passaram a gastar suas energias criativas em lutar por mais editais para a manutenção desse desenvolvimento capitalista precário e dependente. As ocupações da Funarte em nome, outra vez, de "mais verba para a cultura" tiveram força poética para sugerir o vínculo entre os artistas e a classe trabalhadora, mas logo se neutralizaram ao se associarem a uma pauta economicista e autorreferente. Que o contraponto máximo ao modelo anterior da Lei Rouanet produzido em oito anos tenha sido o Procultura, a ser sancionado agora no governo Dilma, é só um sintoma particular de um amplo processo de despolitização e perda de horizonte crítico. Comércio de ruínas Assim como ocorreu na modernidade europeia dos séculos XVIII e XIX, a "política cultural" costuma se tornar problema de Estado nos períodos de intenso desenvolvimento burguês: ou associada a construções do imaginário nacional ou como resposta crítica, muitas vezes aristocrática, ao próprio aburguesamento, oscilando entre os extremos da totalização "identitária" imposta de cima para baixo ou do culto ao particularismo e à diversidade, que pode se manifestar em muitas formas. Entre a cultura e as culturas, já observou Terry Eagleton, oscilam as ideologias culturalistas. Mas o que importa saber é o que elas geram ou justificam do ponto de vista dos meios de produção. O desmantelamento contemporâneo do setor público das artes (o pouco que se fez em termos de cultura no país) não é exatamente um desmanche porque a rigor ele nunca foi constituído como processo integrador capaz de interferir no panorama social. O que existe, sob a forma de casas teatrais ou de pequenas ferramentas de produção cultural diretamente ligadas ao Estado (nos moldes daquele teatro popular francês desejado por Fagundes), se deveu ao esforço de homens de esquerda nas brechas do Estado autoritário, que atuaram à espera de um tempo melhor. Não por acaso, o Serviço Nacional do Teatro surge na era Vargas e a Funarte na ditadura militar. Quando essas casas em construção deixaram de ser ocupadas pelos vivos, o canteiro de obras se converteu em ruínas. E o que resta hoje são pedaços mal erguidos, prontos para cair. Nas exceções a essa tendência, nos casos em que o poder público modernizou seu aparelho (em alguns estados) e resolveu interferir diretamente no ambiente cultural do teatro, predomina, paradoxalmente, o clientelismo mais grosseiro (como na criação, em São Paulo, de companhias voltadas para a espiritualização da elite, ou de uma escola de teatro cedida a um grupo particular sem edital divulgado ou debate público). Tempos impensáveis aqueles em que Mário de Andrade abriu a porta do Teatro Municipal aos operários, ou em que grupos amadores ocupavam aquele palco. Diante da inexistência de projetos culturais consequentes, a tendência é a mesma: os poucos espaços públicos das pequenas cidades são "resgatados" pela burguesia local ou são, nas capitais, transferidos à gestão de empresas disfarçadas de "organizações sociais" com o argumento de que elas têm maior mobilidade na gestão de recursos e, portanto, maior capacidade de contabilizar eventos. Com exceção da insuficiente Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo, que apoia pesquisas continuadas de grupos teatrais e prioriza o processo de trabalho, e não o resultado (o que ao menos desautomatiza a lógica do produto cultural), tudo que se tem hoje no país em termos de política para a cultura é a transferência de recursos públicos a produtores individuais privados. A título de contradição Em qualquer desenvolvimento capitalista, a disseminação da forma mercadoria não se faz sem embates ou de imediato. A manufatura convive com a indústria até que seja incorporada e eliminada pela luta concorrencial ou encontre um novo lugar como produto de troca na periferia do sistema. Esse processo geral de especialização e separação das esferas, fragmentação e abstração, pelo qual o trabalho é submetido a uma dinâmica de controle externo, é em tudo contrário à experiência cultural livre, à realização da vida por sujeitos. É somente, portanto, na contramão da maré que existe alguma chance de pensar política cultural. No atual estágio de desenvolvimento da indústria da cultura no país, no qual o pequeno artesanato teatral do passado assume a condição de abastecedor de uma engrenagem maior, em que a quase totalidade dos artistas passou a ser regulada por determinações do negócio artístico, trabalhando para atender aos pedidos de empresas ou teatros contratantes, empurrados por uma expectativa abstrata de inserção, debater política cultural passa a depender da construção de outra cultura política. Não se trata aqui de sugerir ações possíveis. No caso do teatro, basta olhar um pouco para a realidade dos acervos e da memória, da produção editorial, do ensino, da difusão das pesquisas acadêmicas, da fragilidade do estímulo às associações livres, dos espaços públicos e sua utilização restrita para perceber que o mínimo está por ser feito. Cultura, entretanto, deve ser algo mais do que a fruição da arte. E, seja o que for uma política desse tipo, ela deverá, no mínimo, produzir contradições em relação a um Estado que já não se envergonha de ser gestor do capital. Nas atuais condições, um programa para uma possível política cultural mais justa terá de ser negativo: • terá de estimular sempre processos culturais de longo prazo (não produtos) e apoiar as pessoas neles envolvidos, oferecendo possibilidade de aprendizado e criação cultural que não se orientem por uma possível entrada no mercado. O que depende da convicção de que o mercado não é a única realidade da vida. • terá de se opor à disseminação da lógica do consumo cultural, que identifica os espectadores a consumidores, que contabiliza seres passivos a ser atingidos por eventos, que adota critérios quantitativos para avaliar os efeitos culturais. • terá de compreender cultura como um processo mais amplo de aprendizado, invenção, desenvolvimento intelectual e sensível das capacidades de relação social, muito mais abrangente do que a produção artística ou de entretenimento. • terá de estimular agrupamentos contrários ao caráter monopolista do sistema de reprodução cultural. • terá de apoiar antes formações e movimentos coletivos do que realizadores individuais, terá de oferecer acesso social aos meios de produção da cultura, terá de considerar o amadorismo cultural tão ou mais importante do que o profissionalismo, e procurar integrá-los, terá de fortalecer a noção de sujeito cultural, o que depende de uma formação crítica e política. • terá de romper com a aura de cultura de elite que paira sobre certas instituições (como herança liberal) e abrir as portas dos teatros municipais, estaduais e federais a projetos de intercâmbio entre áreas, de modo que as artes, ciências, crítica, memória e literatura desloquem seus lugares convencionais e superem as distâncias sociais. • terá de desconfiar das formas dominantes e tomar partido diante da produção cultural da sociedade civil. • terá de considerar que a cultura não é privilégio de classe, mas um direito que depende do tempo livre. Fonte:1) http://www.sergiodecarvalho.com.br/?p=1759 2) http://teatroderuaeacidade.blogspot.com.br/2013/03/o-direito-ao-teatro.html